Pressão dos EUA pode estar por trás de proposta que restringe cidadania italiana

17/04/2025

Quem acompanha o universo da cidadania italiana sabe que, no dia 28 de março de 2025, o governo italiano publicou um decreto que restringe o direito à cidadania até, no máximo, os netos de italianos nascidos na Itália. Essa mudança reduz drasticamente o número de pessoas que têm direito ao reconhecimento da cidadania italiana, especialmente em países como Brasil e Argentina. Vale lembrar que esse decreto ainda será votado pelo Parlamento e pode ou não ser aprovado.

Atuando há 13 anos na área de assessoria consular, é notório que muitas pessoas utilizam o ESTA com o passaporte europeu — especialmente o italiano — para entrar nos Estados Unidos e, posteriormente, permanecer no país de forma irregular. Estima-se que atualmente existam cerca de 50 mil pessoas com dupla nacionalidade, sendo uma delas a italiana, vivendo ilegalmente nos Estados Unidos. É importante destacar que não há uma fonte oficial do governo americano confirmando qualquer interferência direta nas decisões do governo italiano. Este texto deve ser entendido como uma análise e hipótese, não como uma afirmação categórica.

Outro ponto relevante é a relação próxima entre o governo de Donald Trump e o governo de Giorgia Meloni, atual primeira-ministra da Itália. É possível que exista uma pressão interna para que a Itália adote medidas que contribuam para a redução do número de pessoas utilizando a cidadania italiana como meio de entrada e permanência irregular nos EUA. Uma das formas mais eficazes de alcançar esse objetivo seria justamente endurecer os critérios de reconhecimento da cidadania.

Nas próximas semanas, saberemos se o decreto será efetivamente transformado em lei ou se será rejeitado, permitindo que as regras anteriores permaneçam em vigor. No entanto, pessoalmente, acredito que dificilmente a situação voltará a ser como era. Caso o decreto não seja aprovado, é provável que outras medidas sejam propostas com o objetivo de impor restrições significativas ao reconhecimento da cidadania italiana — por exemplo, a aplicação de taxas elevadas que limitem o acesso à cidadania a pessoas com maior poder aquisitivo, público menos propenso a imigrar ilegalmente para os Estados Unidos.

Vale lembrar também que o México passou a exigir visto americano de brasileiros somente após pressão dos Estados Unidos, tornando, em muitos casos, o visto mexicano até mais difícil de obter do que o próprio visto americano.

Seguiremos acompanhando os desdobramentos nas próximas semanas para entender como essa situação evoluirá.